terça-feira, 10 de agosto de 2010

Preparando o 8º Centenário - A Graça e a Luz da Contemplação

Preparando o 8º Centenário da Vocação e início da Ordem de Santa Clara de Assis

2010 - Ano da Contemplação



A Graça e a Luz da Contemplação

Em S. Damião, no silêncio que se faz presença e intimidade, uma mulher apaixonada pelo Infinito, reza, louva e adora o Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor. É Clara de Assis, a “Plantazinha” de Francisco, que o acompanha, em oração, juntamente com suas Irmãs, no seu labor apostólico. Uma paixão irresistível por Jesus, “o Espelho da eternidade”, une estes dois jovens assisienses, que se ofereceram por inteiro ao dinamismo do Espírito do Senhor e ao seu santo operar.

Na intimidade de Deus

Contemplar era, para a Irmã Clara, a expressão mais sublime do seu amor apaixonado por Cristo. A oração é um dom do Espírito Santo aos corações pobres, simples e humildes. Clara tinha Jesus sempre diante dos olhos e adentrava-se assiduamente no mistério da Encarnação do Verbo, contemplando o seu total despojamento: em Belém, na Cruz e na Eucaristia.

Esta vida de intimidade é sustentada e iluminada pela Palavra, “as santíssimas palavras de Nosso Senhor”, como ousava dizer Francisco, o apaixonado por Deus e pelo Evangelho. Às suas Irmãs, “ensinava a afastar do interior da alma todo o barulho, a fim de que pudessem permanecer unicamente em Deus” (Tomás de Celano, Legenda de Santa Clara, 36). É sobretudo nas suas cartas, embora muitas delas se tenham perdido, que nos apercebemos desta paixão e entrega sem limites a Deus, sumamente amado e adorado por Clara. Esta intensa vida mística era visível no acolhimento fraterno e carinhoso às suas Irmãs e às pessoas, que se dirigiam ao Mosteiro para lhe pedirem apoio sobretudo de ordem espiritual.

A Eucaristia – o Rosto humilde do Amor

A Eucaristia teve na vida de Clara um fascínio e uma atracção total. Clara passava longas horas do dia e da noite diante do sacrário, prostrada em oração. Não se cansava de contemplar e de amar o Rosto humilde do Amor, “o Filho do Altíssimo nascido de Maria”, presente nas espécies do pão e do vinho. Do seu coração enamorado, totalmente aberto ao admirável mistério do Amor, chegaram até nós ressonâncias profundas, que revelam a densidade da sua oração contemplativa, convidando a olhar, a meditar e a contemplar (cf. 2ª Carta de Santa Clara, 20). É por isso que a iconografia cristã apresenta Clara com a custódia na mão, fazendo memória do seu enlevo e amor eucarísticos.


Em comunhão eclesial

Apesar de viver escondida, o silêncio de Clara estava a gritar um grande Amor a Jesus, à Igreja e à humanidade. A Luz que iluminava o seu rosto e o seu coração irradiava para o exterior, envolvia Assis, a Igreja e o mundo. A humilde discípula de Francisco não se cansava de contemplar, em comunhão eclesial, a Beleza do Amado e de pedir para todos os homens e mulheres os inefáveis dons e graças da Redenção.

Era visitada por Bispos, Cardeais e Papas, atraídos pelo testemunho de vida evangélica e de santidade. Eles acreditavam e confiavam no poder da sua oração, cheia de humildade e de confiança em Deus. O cardeal Hugolino, o futuro Papa Gregório IX, que lhe dedicava uma grande admiração e amizade, aquando da sua visita ao conventinho de S. Damião, disse-lhe que a fazia responsável pela salvação eterna de sua alma, diante de Deus (cf. Carta do Cardeal Hugolino a Santa Clara, 3).

Rezar pelos sacerdotes

No termo do Ano Sacerdotal, é bom lembrar a reverência e o amor que Francisco e Clara dedicavam aos Sacerdotes, os Ungidos do Senhor, “porque consagravam o Corpo e o Sangue de Cristo”. Ainda hoje, os Sacerdotes têm um lugar muito especial na oração das filhas de Santa Clara. Aliás, temos a graça de celebrar a 11 de agosto, o Jubileu de Prata de Ordenação Sacerdotal de quatro de nossos queridos Sacerdotes Diocesanos: Marcus, Edemilson, Clínio e Porfírio, que nos têm acompanhado desde o início de nossa presença no Brasil e estarão presentes na Concelebração Eucarística em honra de Santa Clara, em nosso Mosteiro.

A graça da contemplação

A graça da contemplação não está confinada aos Mosteiros de clausura, que, além dos seus trabalhos que se coadunam com a Vida Contemplativa, têm grandes tempos de oração e adoração silenciosa. Todos os cristãos são chamados a escutar o Espírito Santo, a deixar-se rezar por Ele e n’Ele, enfim, a fazer da vida um hino de Louvor e Adoração à Santíssima Trindade.

Francisco e Clara testemunharam que, desde o Alverne e de S. Damião, a liberdade infinita, a alegria e a paz dos contemplativos são indizíveis! É o abraço da inefável Ternura de Deus a envolver o céu e a terra!

Na intimidade silenciosa com Jesus encontraram a fonte da verdadeira Paz, Liberdade e Harmonia, consigo próprios, com os outros e com toda a criação.

Adaptação do texto deIrmã Maria da Cruz, osc

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