terça-feira, 12 de abril de 2011

Como tudo começou...

Nossa presença é fruto da oração de 16 anos de um Bispo, filho do Pai São Francisco que sofrendo com a violência em sua Diocese, rezava incessantemente a Jesus, lhe proporcionasse a presença de um Mosteiro de Vida Contemplativa em sua Diocese. Pediu em vários Mosteiros do Brasil, mas não era fácil. Finalmente, a 11 de Agosto de 1982, viajando com destino à Alemanha passou por Lisboa e foi almoçar precisamente no Convento Franciscano construído na casa onde Santo Antônio tinha nascido. O guardião deste Convento era o Assistente Nacional das Irmãs Clarissas em Portugal.

À mesa, Dom Adriano expõe o seu desejo. Logo nosso Assistente lhe prometeu dar um ‘jeitinho’. Daí surgiu a 3ª Fundação do nosso Mosteiro. Em Fevereiro de 1983 viemos ver o terreno.

Bênção da primeira pedra

No dia 02 de março Dom Adriano presidiu à Bênção da primeira pedra, precisamente no cimo desta colina que ele denominou – colina de Santa Clara. Presentes o Rev.mo Frei José do Nascimento Barreira, Assistente da Federação das Clarissas em Portugal, a Madre Maria Angélica do Menino Jesus e a Irmã Maria Conceição da Imaculada. Chovia, dificultando a subida dos carros de muitos Padres da Diocese e também religiosas e pessoas amigas. Não faltaram em grande número as criancinhas pobres.

A despedida

A 16 de abril de 1986 deixávamos o nosso muito amado Mosteiro no dia em que celebrávamos 55 anos de sua Fundação, rumo ao Brasil. Como se vivia a ditadura militar não foi fácil. Mas, como dizia Dom Adriano, na antevéspera de sua morte, ‘não foi o governo que proporcionou a demora, ele foi simplesmente um instrumento que o Pai se serviu para determinar a hora dEle. Dizia Dom Adriano: ‘se as Irmãs vinham logo certamente teriam desistido, porque foram nestes três anos de espera que se efetuaram as obras da construção do Seminário e logo se deu início às obras do Mosteiro com a nossa presença bem perto.

A chegada ao Brasil

No Aeroporto nos esperavam as Irmãs do serviço externo do Mosteiro da Gávea com o pedido da querida Madre Pacífica de passarmos lá oito dias. Foi um presente do Pai que nos proporcionou refazer todas essas emoções da despedida. Todos os dias as queridas Irmãs faziam festinha para nós, sentíamo-nos em ‘casa’. Ficamos muito gratas à querida Madre Pacífica e sua Comunidade.

Como nossa saída foi antecipada 15 dias, Dom Adriano se encontrava em Itaici, na Assembléia dos Bispos, e ao receber a notícia interrompeu a Assembléia e veio receber-nos no Aeroporto do Rio de Janeiro. Ele chorou quando nos viu pisar solo brasileiro.

Na Casa provisória

No dia 25 de abril tivemos a primeira Eucaristia celebrada na capelinha de nossa Casa provisória, cedida com muito carinho pelos Padres Espiritanos, na pessoa do grande amigo Padre Francisco, que colocou ao nosso dispor todo o recheio da mesma.

A Casa era anexa à de Dom Adriano que assumiu tudo quanto era necessário para nossa manutenção. Entretanto, em Agosto se iniciaram as obras do Mosteiro determinando-se a sua inauguração para 13 de maio de 1989.

Inauguração do Mosteiro

Precisamente no dia previsto, às nove horas, a cerimônia teve seu início, com Dom Adriano a presidir, na companhia de Monsenhor Michel e os Srs. Bispos presentes, assim como todos os Padres de nossa Diocese, Frei Estevão e outros nossos Irmãos Franciscanos, nosso Assistente de Portugal, nosso querido Frei Atamil que se encontrava em Mato Grosso, e muitas Irmãs Religiosas, incluindo as queridas Irmãs do Mosteiro da Gávea.

Foi grande a participação dos fiéis do bairro e de longe, de modo que o templo ficou lateralmente cheio e muitos fora dele.

A cerimônia começou pela bênção do Altar, com a relíquia própria, seguida de bênção da Igreja, finalizando com a celebração da Eucaristia.

Abertura do Clero ao Mosteiro

Durante os três anos que estivemos na Casa provisória Dom Adriano celebrava para nós todos os dias. No mês de Setembro na sua ida à Alemanha deixava aos cuidados do Padre Guilherme, nosso Pároco. Foi uma belíssima experiência, cada dia tínhamos um Padre da Diocese a celebrar para nós e daí a grande abertura do nosso clero ao Mosteiro.

Passados 25 anos nunca nos faltou a Eucaristia diária, incluindo Vigília de Natal, à meia noite, as cerimônias da Semana Santa com a Vigília Pascal. Esta abertura continua até hoje. Basta vermos o grande número de Sacerdotes na festa de Santa Clara, concelebrando com o nosso Bispo. Nestes últimos anos oscila entre 38 a 42 Sacerdotes.

Consagração da Igreja

Dom Adriano era dum cuidado mesmo paternal. Alimentava o desejo de consagrar nossa Igreja e o fez no dia 17 de Setembro de 1993, na presença da quase totalidade dos Padres da Diocese, consumando assim a sua obra. Pouco depois ficou Bispo Emérito vindo a falecer a 10 de agosto de 1996.

Busto de Dom Adriano na entrada da Capela

Dois anos depois, 10/08/98, Dom Werner deixou-nos na entrada do Pátio da Capela, um Busto de Dom Adriano, em pedra, presente dum grande amigo de Colônia, a quando das suas visitas à mesma Diocese.

Interessante que esse Busto esteve para ser colocado em vários lugares: Seminário, Catedral, Cúria, mas aqui era o seu lugar. Depois de uma Missa bem solene com a maior parte dos Sacerdotes da Diocese em nossa Igreja, o Busto lá foi colocado. No coração de Dom Adriano certamente existia esse desejo.

O ‘nosso Mosteiro’ no coração do Irmão Bispo

Dom Adriano não receava afirmar perante a Diocese que de todas as obras que tinha construído, a que estava bem no seu coração era ‘o nosso Mosteiro’, palavras dele. Na verdade, Dom Adriano construiu o Seminário para cinco Dioceses, Centro de Direitos Humanos, Catedral, Mitra, Centro de Formação e muitas casinhas para os mais pobres. Falar de Dom Adriano é algo que nunca se esgota. E por tudo isto e o que permanece no silêncio, a nossa mais profunda gratidão e a alegria de estarmos bem no coração desta Igreja que continua na pessoa do nosso querido Bispo Dom Luciano a ser um verdadeiro Pai e Pastor.

Todas as Segundas o nosso Bispo celebra para nós, dá-nos aula de Sagrada escritura, ou estuda conosco algum documento da Igreja, como o Documento de Aparecida, providenciando um exemplar para cada Irmã. Depois, em conjunto, janta conosco como um Pai rodeado de suas filhas.

Aproveitamos por pedir humildemente às vossas piedosas preces, para que sejamos sempre fiéis ao chamado de nosso amado Esposo Jesus Cristo Pobre, Humilde, e Crucificado.

Em louvor de Cristo, amém!

Um comentário:

  1. Achei linda essa história! Deus esteja sempre com Dom Adriano e com todas vocês, irmãs Clarissas!

    Luiz Soares

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