sexta-feira, 29 de setembro de 2023


Quinto dia da novena de São Francisco de Assis


Francisco o arauto da paz e da alegria


Toda a nossa espiritualidade franciscana está marcada por intensa Alegria. Esta Alegria sempre acompanhou N. P. S. Francisco. Trata-se de uma Alegria alicerçada em Deus e por Deus: uma Alegria que é júbilo, expressão da concepção que o Pai Francisco tinha da vida.
A Alegria do Poverello e dos seus discípulos é o perfume de todas as virtudes. Era a vida franciscana com o encanto da sua eterna primavera e da sua límpida e radiosa atmosfera. Constitui por isso mesmo um dos caracteres do ideal franciscano.
“Desde o princípio da sua conversão até ao dia da morte, o bem-aventurado Francisco, embora sempre muito severo para com seu corpo, numa coisa punha o máximo cuidado: em possuir e conservar, no corpo e na alma, a santa Alegria.” (Fontes Franciscanas)
De acordo com o testemunho de Frei Tomás, um dia, Pai S. Francisco apanhou dois pedaços de pau no chão, e depois com gestos correspondentes imitava um violino. Saltitava e cantava alegremente, em alta voz, ao seu Senhor pelos bosques e campos.
Certa vez, caminhando e cantando em francês as suas espirituais canções de amor. "Uns bandidos precipitaram-se sobre ele, perguntando-lhe ameaçadoramente quem era. Respondeu ele com voz alegre e jovial:
"Sou o arauto do grande Rei”. (I Celano)
Em cada passo que ele andava em sua nova vocação, registram os biógrafos um desenvolvimento sempre mais acentuado na sua Alegria interior. Contam ainda como, para manifestar os seus sentimentos cavalheirescos para com Deus, empregou ele, junto aos leprosos, uma caridade heróica e como ficou arrebatado de Alegria ao entregar-se a uma ocupação que é, humanamente falando, asquerosa e insuportável.
Só uma vez, às portas da morte, a sua habitual Alegria parecia querer abandoná-lo. Torturado por indizíveis sofrimentos sustentou a luta durante uma noite inteira, e depois suplicou a Cristo, numa ardente oração, que lhe conservasse até ao fim a sua cavalheirosa coragem. Ouviu então uma voz dizer-lhe estas consoladoras palavras:
"Regozija-te, porque a doença é sinal do meu reino, e se a sofreres com paciência poderás esperar, com toda a segurança e certeza, a herança do reino". (Fontes Franciscanas)
“Pela manhã, com a alma elevada às alturas, compôs então o Cântico das criaturas", "o qual reúne na alma crente e amiga de Deus, todas as Alegrias naturais e sobrenaturais, fazendo-a subir ao céu, como as águas límpidas de uma fonte cantante, e a derramar-se no oceano da glória divina e da eterna felicidade". (Fontes Franciscanas)
Certo dia, em que o seráfico Pai, indo em companhia de Frei Leão, dirigindo-se para Santa Maria dos Anjos, em tempos de rigoroso inverno, embaixo da neve com admirável ternura fez a Frei Leão um discurso “sobre a perfeita Alegria”.
“Escuta Frei Leão: se suportarmos sermos maltratados brutalmente e batidos, com paciência e Alegria, pensando nos sofrimentos do Cristo bendito, e que nós os devemos suportar por amor d'Ele, ó Frei Leão, escreve que nisto está a Alegria perfeita.” (Fioretti, VIII)
“...E, por fim, escuta a conclusão, Frei Leão: acima de todas as graças e dons do Espírito Santo, que Cristo dá a seus amigos, está a de se vencer a si mesmo, e de suportar alegremente, por amor de Cristo, as penas, injúrias, opróbrios, e incómodos; pois de todos os outros dons de Deus nós não nos podemos gloriar, pois não vêm de nós... mas na cruz da tribulação e da aflição, nós podemos gloriar-nos, porque isso é nosso.” (Fioretti, VIII)
Sofrer por Cristo e pelo amor de Deus, era a mais pura e a mais forte Alegria e paz para eles.
No Evangelho a paz aparece também no momento do envio missionário dos 12 discípulos. Cristo exorta-os. Entrando numa casa deveriam saudá-la dizendo: Paz a esta casa! "Se esta casa for digna, vossa paz descera sobre ela, se não for a paz voltará para vós”. (Mt 10, 13)
A esta paz, destinada às casas nas quais os frades entravam deviam acrescentar outra saudação idêntica a todos os que encontrassem pelo caminho. Exortava seus frades a anunciar a paz e testemunhá-la com doçura. Donde se origina a tradicional saudação franciscana de Paz e Bem.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, Fazei que eu procure mais Consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna. 

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