domingo, 20 de dezembro de 2020

Mensagem de Natal das Irmãs Clarissas

 

"Prenda-se à sua dulcíssima Mãe, que gerou tal Filho que os céus não podiam conter, mas que ela recolheu no pequeno claustro do seu santo seio e carregou no seu regaço de menina" (3CCl) 


Nestes tempos de pandemia, como nossa Mãe Maria Santíssima, deixemos gerar em nosso coração o Menino Deus que quer nascer em nós trazendo paz, esperança, saúde e muitas bênçãos neste Natal e no Novo Ano que se aproxima.

Nossa eterna gratidão por todas as dádivas e benefícios recebidos do Pai das Misericórdias, durante este ano, através de vossa generosidade para conosco, mesmo em meio a esses tempos difíceis.

Nosso abraço fraterno e preces.

Pela Comunidade das Irmãs Clarissas,
Madre Ivone Maria da Apresentação, OSC 



quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

"Gaudete et Exultate" (V) | Características da santidade no mundo atual

Características da santidade no mundo atual


O mundo precisa dos sinais que apontem para Deus. Alguns aspectos do chamado a santidade têm ressonância especial e dizem respeito a manifestações do amor a Deus e ao próximo que vão de encontro às características negativas do mundo atual como: ansiedade nervosa e violenta, negativismo, tristeza, preguiça (acídia) cômoda, assim como a falsa espiritualidade sem encontro com Deus.

Os apelos de santidade que são respostas a essas características são: tolerância, paciência e mansidão. Devo permanecer centrado e firme em Deus. Fidelidade ao amor, paciência e constância no bem. Manter-se ao lado dos outros mesmo sem satisfação imediata, suportar as dificuldades da vida, agressões e imperfeições do outro. Buscar fortaleza interior para suportar as lutas de cada dia. ‘Desapareça a ira, gritaria e ultrajes do vosso meio’. Devemos perseverar no bem e no amor. Nunca pagar o mal com o mal. Quem devolve o mal com o mal já foi absolvido e dominado pelo mal. Isso é sinal de fraqueza. Se devolvo o mal com o bem eu desarmo mal, mato o mal. Ele se desconcerta e assim o bem vence. Devo ter cuidado com as iniciativas agressivas e egocêntricas.

Sempre podemos recorrer a âncora da súplica para estarmos juntos de deus em paz. Não se deixar preocupar por nada, tudo pôr nas mãos de Deus. Somos apenas colaboradores de Deus. Que nada nos aflija o coração, nada nos perturbe, tudo passa, só deus basta (diz Santa Teresa). Devo ter confiança inabalável em Deus em todas as circunstâncias. Cuidado com a violência e agressividade nas redes sociais, sobretudo católicas. A língua descontrolada é fogo que põe em chamas toda a roda da vida. Cuidado para não deixar o bem e fazer o mal.

Devo pedir a Deus a graça de calar e a graça de falar na hora certa. Pensar antes de falar. A graça aplaca a vaidade e torna possível a santa devoção. Devo considerar os outros superiores a mim mesmo. Devo lutar contra o meu eu, senão eu fico só a semear o mal ao meu redor. Devo ter firmeza interior para não falar mal das fraquezas dos outros. Não querer sempre dar lições aos outros. Isto é uma forma sutil de violência. Não tratar o outro como um igual, é uma violência. Não devo pisar nos outros, mas mostrar-me sempre propenso a ser ensinado pelos outros. ‘Alegrar-me com o bem dos outros como se fossem meus: assim vencerei o mal com o bem e afastarei o demônio e todo o mal pra longe de mim’. (aconselhava São João da Cruz)

Se não me exercitar não chegarei a verdadeira caridade. A perturbação é uma falta de amor. Devo procurar exercitar ser simpático com aqueles com os quais tenho mais dificuldade, aqueles que não quero reconhecer as virtudes. Devo fazer o bem a todos por amor a Deus. Assim seremos capazes de não dar vazão aos impulsos egoístas e mesquinhos. A humildade só se enraíza no coração através das humilhações. Devo suportar as humilhações e oferecê-las a Deus. Aí está o caminho da santidade. A humilhação faz-me semelhante a Jesus.

A humildade é uma virtude que vem de Deus. Devo combater os vícios executando a virtude contrária ao vício A vida terrena de Jesus é caracterizada pelo esvaziamento. Deus desceu até nós. É próprio de Deus se rebaixar e vir a nós. Por isso quem se humilha será exaltado. Somente aos humildes Deus se revela. O humilde reconhece o seu lugar, reconhece que é terra. Devo entender e aceitar o meu lugar e não olhar pra ninguém pelo status ou posse, mas olhar os outros como irmãos. O humilde se conhece dependente de Deus, se abandona e confia em Deus que o capacita a suportar a morte e os sinais de morte. Nas asas de Deus ele alça voo. Devo cultivar a virtude da humildade, pedir ao Senhor a graça. Suportar algo para ofertar ao Senhor, sobretudo as injustiças. Ter coragem de discutir amorosamente, mesmo trazendo consequências negativas para a própria imagem. Quem se libertou do egocentrismo é capaz de compadecer-se do outro e ser auxílio para o outro.

A humildade traz crescimento e amadurecimento. Através dela percebemos o que é mais importante na vida .A humildade pressupõe um coração pacificado por Cristo, uma segurança interior. Cristo é a nossa paz e Ele dirige nossos passos no caminho da paz. Tudo parte de dentro para fora, da união com o Senhor. Ele transforma e pacífica o meu coração.

Cultivar a vida espiritual dia a dia. Travar um grande combate com meu próprio eu. Se o levo com rédea curta, nenhum inimigo espiritual irá prevalecer. Não é o outro que tem que mudar, eu é que devo buscar a graça de ser melhor. O meu progresso ajudará o outro. Devo combater o bom combate contra mim mesmo com alegria e senso de humor, que é fruto da gratidão a Deus. Estas atitudes devem ser latentes em todo o consagrado. É assim se identificam os discípulos de São Francisco.

Ser cristão é ser alegre no Espirito Santo. Quem ama sempre se alegra na união com o amado. Do amor e caridade segue-se a alegria. ‘A alegria do Senhor será nossa força’. Conhecemos o Senhor e a intimidade com Deus nos capacita à alegria perene, mesmo na dor. Nada pode destruir a alegria espiritual. Somos infinitamente amados. Devo ter segurança interior e serenidade. Normalmente a alegria é acompanhada de senso de humor. A tristeza tem a ver com ingratidão. Quem está fechado em si mesmo não percebe os dons de Deus. Devo manter o espírito flexível e adaptar-me diante das situações. Ver nas coisas pequenas os sinais de Deus somos de Deus e agradecer por tudo. Isso também é humildade. A gratidão e louvor a Deus tornam a vida mais leve. Equilíbrio é preciso. Cuidado com a euforia desordenada. Devo dosar as coisas. A alegria deve-se viver em comunhão. Há mais alegria em dar que receber. Deus ama quem dá com alegria. É mais alegre quem se preocupa com os irmãos. Meu rosto pertence ao outro. O que estou apresentando ao outro? Tem de ser algo espontâneo que venha de dentro. Não deixar prevalecer o mal.

Ousadia e ardor são características da santidade no mundo atual .É parresia. A ousadia é o impulso evangelizador que deixa marcas no mundo. ‘Não tenhas medo, diz Jesus, eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos’. Deus nos dá coragem como deu aos apóstolos para anunciá-lo. A parresia supõe liberdade. Uma existência aberta e disponível a Deus e aos irmãos; dá-nos o impulso de falar com autoridade. Com entusiasmo anunciar o Evangelho, com ardor e sem importar-se com julgamentos. Agir com segurança na força e na luz do Espírito Santo. Ser santo é ser audacioso. Não fazer nada por ‘mim mesmo’ mas deixar-me guiar por Deus. Ir além e sem medo de ser feliz. Agir com coragem.

A parresia não é imprudência nem precipitação, é fruto da fé, confiança e entrega da vida a Deus. Isso significa liberdade de uma existência aberta e disponível aos irmãos ‘eis-me aqui Senhor!’ Se vier o medo, no primeiro momento rezo, num segundo. momento lanço-me! Existe porém um obstáculo para evangelização: é a carência de parresia, de ardor. Devo gastar-me a serviço do reino. Ai de mim se eu não realizar o que o Senhor espera de mim! Devo dar frutos ser aquilo que Deus pensou de mim quando me criou. Deus não nos quer na superficialidade da vida; só ficar no plano de nossos projetos pessoais. Devo aprofundar-me no exercício da minha vocação e avançar para águas mais profundas.

Viver, amar, rezar e servir em profundidade. Deve-se ter a coragem de lançar-se nas mãos do Senhor, ser intrépido. Deus só quer o nosso sim, o nosso abandono total. O restante Ele mesmo irá realizar. Quanto mais confio em Deus mais desconfio de mim mesmo. Nós somos todos frágeis, mas portadores de um grande tesouro que pode nos tornar grandes. Este tesouro não é para mim, é para ser entregue. Por isso devo ser dócil nas mãos do Senhor. Isso beneficiará os outros.

Nada nos poderá separar do amor de Deus. Precisamos do impulso do Espírito para não paralisarmos pelos medos e perigos. Devemos rezar pedindo parresia. Coragem para enfrentar os males não recuar diante dos desafios. Confiar somente. A alegria está ligada a parresia. Como Jonas, somos continuamente tentados ao comodismo. Devo sair da minha zona de conforto.

O que eu não compreendo Deus o sabe. Ele nos move a ir além, lá onde está a humanidade mais ferida. Deus ultrapassa os nossos sistemas Se ousarmos ir às periferias, Deus já estará lá, à nossa espera. Tudo é de Deus e eu sou somente um colaborador dele. Liberta-me da inércia, Senhor! Devo ouvir o clamor de Cristo. Se for preciso mexer no vespeiro, o farei sem ter medo de ser picado. Devo arriscar a vida à custa da comodidade.

Os santos nos surpreendem. Eles nos convidam a sair da mediocridade. Peçamos a graça de não hesitar quando Deus nos pede dar um passo à frente. Não sejamos simplesmente um ‘museu de recordações’. Devo estar aberto às novidades de Deus. Se Deus me pede algo que exige sacrifício, maior alegria terei nesta experiência. O amor também será maior . Se a experiência da cruz é mais intensa, mais intensa será a experiência da ressurreição.

Tudo devo viver em comunidade de fé e de amor. É difícil lutar contra as concupiscências e tentações se estivermos isolados. Quando isolados, sucumbimos. A santificação é um caminho comunitário. Deve se fazer em conjunto. A igreja já canonizou comunidades inteiras, como os sete fundadores do Servitas, São Paulo e companheiros mártires do Japão, Santo André e companheiros mártires da coreia, etc. .Há também muitos casais santos: por exemplo os pais de santa Terezinha. A comunidade é chamada criar um espaço teologal de experiência mística do Senhor Ressuscitado.

A comunidade é o lugar privilegiado da presença do Senhor. Existem exemplos de experiências místicas vividas em comum: como São Bento e Santa Escolástica, Santo Agostinho e sua mãe, que viveram um êxtase juntos, Santa Clara e São Francisco certamente. A vida comum tem muitos detalhes diários. É o reflexo da beleza da comunhão Trinitária .A experiência extraordinária é vivida em momentos místicos, mas a experiência ordinária de Deus é realizada no cotidiano da vida. Devo prestar atenção aos detalhes ao meu redor. Nos pequenos detalhes pode haver grande medida de amor.

Encontrarei Deus não somente nas grandes coisas, mas nas coisas pequeninas.

Existem palavras chaves que devo usar com frequência na vida: com licença, obrigado e desculpe. Por favor também. Na comunidade devemos cuidar uns dos outros. Lembremos que a comunidade é o lugar da presença do Ressuscitado. Devo desejar a unidade na comunidade e ser instrumento de unidade. O caminho da santificação passa pela vida comunitária. Devo ter cuidado com o que falo, com as brincadeiras que faço. Devo ter espírito esportivo, mas pensar duas vezes antes de falar e na dúvida, manter o silêncio.

Fala, Senhor! Devo deixar me confrontar com o Espírito Santo. Estar disposto a escutar Deus e renunciar os meus maus hábitos, o meu ponto de vista parcial, os meus esquemas, a fim de acolher o chamado que me leva a uma vida melhor. Pode ser que em meio a distração não ouçamos a Deus. Devo então abrir-me ao querer de Deus para que o discernimento aconteça.

Não posso me limitar a um plano pessoal quadrado. O plano de Deus para minha vida me leva muito além do que eu planejei e quebra as minhas seguranças. Devo apoiar-me somente em Deus e ele me conduzirá aonde Ele quiser. E me levará a uma vida melhor e mais plena. isto implica uma obediência ao Evangelho e ao Magistério da Igreja que nos indica o que é mais fecundo para o hoje da história da salvação. isto liberta-me da rigidez que não dá lugar para o Ressuscitado agir. A novidade do Evangelho virá a mim como uma nova luz.

Se tenho uma inspiração, mas esta contradiz o Evangelho ou ao Magistério da Igreja, esta inspiração não vem do Espírito de Deus. A abertura a Deus é uma chave para o discernimento.

A lógica do dom e da cruz educa-me para a paciência de Deus e os seus tempos que não são os nossos. Isto requer generosidade de reconhecer como cumprir melhor a missão recebida no Batismo; implica renúncias. Somos chamados a viver pela fé a eternidade no tempo este é o Kairos, o tempo de salvação.

Agora é tempo oportuno para Deus agir e a graça acontecer. Deus irá agir na vida dos outros através da minha oração, entrega e sacrifício. Assim eu serei um instrumento de salvação para os outros. Devo entrar na lógica de Deus e deixar que o plano de Deus aconteça. Quando sondamos os caminhos da vida não há espaços que possam ficar excluídos. Sempre posso crescer mais e dar mais a Deus. Devo pedir ao Espirito Santo que me liberte e me deixe moldar por Ele. Às vezes não quero entregar tudo e tenho reservas. Que nada deixe de ser iluminado pelo Senhor pois a conversão passa por aí. Não posso me fechar. Deus quer fazer grandes coisas em mim. Preciso sair de mim mesmo e permitir que Deus me leve à perfeição. É preciso ter confiança e abandono como uma criança.

O Papa Francisco coroa a "Exortação Apostólica Gaudete et Exultate" com a figura de Maria que viveu todas as bem aventuranças evangélicas. Via Deus em tudo. Maria é o nosso modelo. O ponto alto do sim de Maria é a Cruz. Ali a sua missão é elevada à plenitude, pois na anunciação tinha sido convidada a ser mãe de Jesus, mas na Cruz foi convidada a ser mãe da Igreja. Uma mãe que intercede sempre por todos nós. Maria é a corredentora. Viveu plenamente a Cruz e a Ressurreição. É a cheia de graça, a amada do Senhor.

Quanto maior a cruz maior a predileção. No Calvário Maria, como mãe, sofreu horrivelmente, e como discípula permaneceu de pé. Conversar com Maria nos consola em nossas dificuldades. Ela nos leva nos braços. É suficiente sussurrar ‘Ave Maria...’. Devo expressar meu amor filial por Maria. Eu sou o discípulo amado. Devo trazer Maria comigo, em meio às minhas cruzes. Assim serei capaz de superar as dificuldades e permanecer de pé junto à Cruz. Assim teremos uma felicidade que o mundo não nos pode tirar. 

Buscar a santidade está ao nosso alcance. Em louvor de Cristo, amém!

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

"Gaudete et Exultate" (IV) | As bem aventuranças: caminho de santidade


Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as bem-aventuranças. Estas são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre «como fazer para chegar a ser um bom cristão», a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das bem-aventuranças. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida. 

Viver as bem aventuranças é andar conta corrente. Hoje a realidade quer anestesiar-nos. Possamos nos desprender, desinstalando-nos, abrindo-nos a Deus! Permitindo sermos amados por Deus e amarmos os irmãos.

Felizes os pobres em espírito porque deles é o reino dos céus. Onde colocamos a riqueza de nossa vida? Aos pobres de espírito Deus pode preencher com a Sua santíssima novidade. O pobre interior é o pobre em espírito. Quanto menos eu tenho mais posso pensar no outro.

Qual é a minha postura diante do uso das coisas? Partilho com generosidade? Apego-me às coisas ou apoio-me em Deus que me providencia todas as coisas? Devo ter o coração livre para amar a Deus sobre todas as coisas.

Felizes os mansos porque possuirão a terra. Jesus disse “Vinde a mim porque sou manso e humilde de coração”. Devo suportar os defeitos dos outros e não me escandalizar com as suas fraquezas. É preciso desarmar o espírito. A agressividade é fruto da insegurança. Jesus era seguro de si próprio, não tinha medo de nada. Jesus não excluía ninguém. Quanto maior a ferida maior compaixão de Jesus. Se a gente se desarma, o outro vai se desarmar também. Assim acontece a abertura ao diálogo, à conversa. Ser manso não é ser bobo.

O manso favorece a harmonia no ambiente

O Reino dos céus é a dos que violentam seu interior para que a vontade de Deus prevaleça. Quanto mais desprendido eu sou mais tenho para partilhar. A vida deve falar. Mansidão é fruto do Espirito Santo. Entre os cristãos a mansidão ‘está muito embaixo’ devido a questões afetivas, à falta de maturidade. É próprio da criança receber e é próprio do adulto dar. A capacidade do outro não anula a minha capacidade. Somos um corpo. Todos são beneficiados pelo bem de cada um. Não me devo sentir agredido, mas edificado pelo bem do outro.

Os mansos verão as promessas de Deus realizarem-se em suas vidas. Mansidão e pobreza interior são sinônimos. O manso é uma pessoa de fé que confia em Deus. Devo pedir a Deus a graça de silenciar. Se for preciso, chore e desabafe diante do Senhor. Atitude nobre é tomar a iniciativa no pedir perdão. Isto faz o outro se desarmar e aí entramos em acordo. É Deus que vai tudo realizar. Assim deixo-me conduzir por Deus. A mansidão nos dá força de estamos andando no caminho certo.

Não perder a paz e reagir com humildade e mansidão, isto é santidade.

Felizes os que choram porque serão consolados: o mundo quer esconder situações dolorosas, mas chorar faz parte da vida. Um grande esforço da ciência é amenizar o sofrimento, tudo bem, mas também devo aceitar o sofrimento como parte da vida. Devo deixar-me traspassar pelas aflições dos outros, mergulhar na profundidade da vida e fazer-me solidário. Ter capacidade de compadecer-me. “Tende em vós os mesmos sentimentos de Jesus”. Muitas vezes se chora porque não temos mais nada o que fazer . Chorar é render-se, é deixar Deus agir em nós. Saber chorar com os outros e pelos outros: isto é santidade.

Felizes os que têm fome e sede de justiça porque serão saciados. A justiça divina é diferente da justiça humana. A justiça segundo a Escritura é diferente da que os homens defendem. Na justiça humana cada um recebe o que merece. Na justiça de Deus cada um recebe aquilo que precisa. O maior pecador é o que mais precisa da misericórdia de Deus. Quem tem fome e sede de justiça é chamado em primeiro lugar pra ser justo. Na Bíblia o justo é quem teme a Deus e segue a Sua vontade, que busca em tudo agradar a Deus. Os mais necessitados devem ter suas necessidades supridas. Não devo me conformar com a injustiça mais regozijar-me com a verdade. Não posso ser conivente com mal. Devo me esforçar para ser instrumento da justiça de Deus para os pequeninos.

Buscar a justiça com fome sede: isto é santidade

Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia. Perdoar e compreender é preciso. “Tudo o que desejais que os outros vos façam fazei-o vós a eles”. Misericórdia é compadecer-se, ir ao encontro do outro e perdoar. São duas as dimensões da misericórdia. Devemos nos colocar no lugar do outro e reproduzir na vida o reflexo da perfeição de Deus sendo ‘misericordiosos como o vosso Pai Celeste é misericordioso’. Devemos voltar o coração para a miséria do outro e nos compadecer, sofrendo com o outro, colocando-nos no lugar do outro.

É questão de perceber e considerar que o outro errou por fraqueza, por que é humano. Devo considerar a intenção do outro assim sofreremos menos.

Que a minha caridade seja estímulo, incentivo para o outro. Que eu não aponte ou condene. Devo fazer-me próximo com um olhar, um sorriso que ajuda. Devo desconfiar de mim mesmo. Devo superar o orgulho ferido e ir além, buscando a graça de enxergar mais longe e desabafar com o Senhor. Chorar e retomar a direção.

Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade

Felizes os puros de coração porque eles verão a Deus. Buscar ter um coração simples e bom, com verdadeiras intenções para além do que aparentamos. Deus quer nos dar um coração novo. Ele vê o interior e sabe quando não sou sincero. Do coração humano brotam as maldades. Devo desconfiar de mim mesmo. A vida cristã é vida interior de relação com Deus que transforma o coração. Este é o nosso anseio, a nossa busca: purifica-me Senhor, para que eu me torne mais semelhante a vós! Este é o grande trabalho do discípulo de Jesus. Os puros de coração enxergam Deus na vida. Têm maior sensibilidade à Sua voz e aos Seus sinais

‘Eu te louvo pai porque revelastes estas coisas aos pequeninos’. Que o nosso olhar seja purificado para olharmos Deus. Silenciarmos, rezarmos e discernirmos para que a verdade venha à tona. Se verbalizo decisões precipitadas posso fazer estragos. Devo silenciar, rezar, e fazer atos de amor. Expressar aquilo que vai no coração, no mais profundo. Quando a intenção é reta, a verdade vem à tona. Quando o coração ama Deus e ao próximo ele é puro e assim pode ver a Deus Manter o coração limpo do que mancha o amor: isso é santidade.

Bem aventurados os pacificadores pois serão chamados filhos de Deus. A murmuração não constrói. Quem murmura não é bem aventurado. Preciso rezar e pensar antes de falar. O silêncio vale mais do que as palavras. Devo ser moroso para falar e moroso para me encolerizar. Senhor, dá-me a graça de não falar em determinadas situações. Assim errarei menos. Os pacíficos são fontes de paz. A unidade é superior ao conflito.

Sentido bíblico da paz: em hebraico significa SHALOM: plenitude de vida. Plenitude interior do encontro com o Senhor da consolação. É a vida de Deus em mim. Isso me faz senhor de mim mesmo. Livre para amar.

Devo ser pacífico, mantendo essa graça em minha vida. Manter a união com Deus. Ser transmissor, mediador da paz, apaziguar e reconciliar . A decisão a tomar será a vontade de Deus se me der paz.

Onde há abertura à Palavra de Deus, há paz. A paz não é mero esforço humano. Posso apaziguar, pacificar mais a paz não é esforço meu, é fruto do Espírito Santo. Cuidado com a falsa paz egoísta. Não posso excluir ninguém devo ter grande abertura de mente e de coração. Deus coloca pessoas difíceis em nossas vidas para aprendermos com a situação e ajudarmos estas pessoas. Devo aprender a conviver. Não posso me cansar do outro pois Deus não se cansa de nós. Devo transmitir paz às pessoas difíceis. A paz exige grandeza de alma. Semear a paz ao redor: isso é santidade.

Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça porque deles é o reino dos céus. A perseguição é inerente à vida cristã. A cruz é fonte de amadurecimento e santificação. Os apóstolos eram cativantes e quanto mais atraíam pessoas para Cristo, mais suscitavam inveja dos seus inimigos. Isso causava perseguição, torturas e morte . As calúnias e falsidades também são perseguições.; as zombarias nos fazem passar por pessoas ridículas. Existe o martírio cruento mas também o martírio ideológico, devido à sociedade secularizada que quer tirar Deus dos ambientes. Há ambientes hostis ao Evangelho. Nestes lugares sofre-se o martírio ideológico. A vida consagrada é chamada a ser um martírio lento . Quando terminou a perseguição dos primeiros séculos os primeiros consagrados foram para o deserto oferecer a Deus às dificuldades sacrifícios diários, sendo obedientes e buscando a vontade de Deus em todas as circunstâncias. Oferecer as cruzes do dia pela santificação de alguém é sacrifício agradável a Deus. Devo oferecer a Deus as contrariedades e transformar tudo em sacrifício.

Abraçar diariamente o caminho do evangelho mesmo acarretando problemas: isto é santidade.

Continua...

domingo, 29 de novembro de 2020

"Gaudete et Exultate" (III) | Viver a gratuidade: Eis o grande desafio

 

               Glorificar o nome do Senhor sem esperar nada em troca.                                    Viver a gratuidade: Eis o Grande desafio.


Se só Deus perceber o meu trabalho, isso é suficiente. Jesus tudo fez por nós e só Lhe sobrou a Cruz. A total ignomínia. Devo estabelecer um diálogo sincero com Deus. Me abandonar em Deus. Buscar a presença de Deus na oração. Recuperar o espaço pessoal de intimidade com Deus. A vida espiritual é um exercício. Devo moldar a minha vontade à vontade de Deus. Buscar em Deus a graça da constância. Equilibrar contemplação e ação. Marta e Maria. Entregar-me, abandonar-me, deixar-me guiar. Quem não aprende escutando aprende apanhando. Devo dar atenção à Palavra do Senhor. Ser obediente. Seremos bem sucedidos e felizes obedecendo.

Com o abuso das tecnologias acontece a desnaturalização da vida espiritual. Qual é a minha intenção mais profunda? As folgas que tenho são realmente uma necessidade ou brechas para o relaxamento? Todos os momentos de nossa vida devem ser degraus no nosso caminho de santificação. Quanto mais vivo mais humano devo ser. Não tenhamos medo da santidade. Sendo santos, seremos o que o Pai pensou quando nos criou. Isto nos leva a reconhecer nossa dignidade. Devo ir ao encontro do pleno amor do Pai. Quanto mais humano (nos moldes de Cristo) mais divino serei.

LEIA A PARTE II

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

"Gaudete et Exultate" (II) | Santidade das pequenas coisas realizadas por amor

Santidade nas pequenas coisas de cada dia realizadas por amor


A todo tempo dois caminhos estão à nossa frente: o bem e o mal. A vontade de Deus e a vontade própria. Muitas vezes o bem é a opção mais difícil, que exige entrega, despojamento maior, passando pela cruz. Mas a graça de Deus será maior. Às vezes me esquivo. Vejo a necessidade de fazer algo e não o faço. É Deus que me pede. Eu devo acolher. Assim minha entrega dará fruto. Devo encontrar a forma mais perfeita de fazer o que eu estou fazendo.

Fazer de forma extraordinária as coisas do dia a dia. Pedindo a Deus a graça de viver da melhor forma possível. Isto é santidade. O Ressuscitado partilha Sua vida poderosa com nossa vida frágil. Devo amar com o amor de Cristo! “Quando sou fraco é então que sou forte. Tudo posso n’Aquele que me dá força.” Nos diz São Paulo.

A vontade de Deus é que sejamos santos. Vivendo em união com Cristo. Associando-nos à Sua morte e Ressureição. Devo pedir ao Espírito Santo que me indique o que o Senhor espera de mim. Em que aspecto da minha vida a santidade está apagada, ofuscada pelo meu eu? Preciso conversar com Deus sinceramente.

Na Igreja temos a plenitude da graça de Deus para que a santidade aconteça. A Adoração Eucarística constitui uma fonte de santidade, um caminho de santificação. A Santa Missa é o ponto mais alto. O Sacramento da Reconciliação é curativo para quem caiu em pecado grave mas também preventivo para que não tornemos a cair. É preciso experimentar a graça de Deus em nós! A santidade é um dom de Deus. Devo querer ser santo e pedir a Deus esta graça. Colocando amor em tudo que faço.

Continua...

LEIA A PARTE I

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Reflexões sobre a Exortação Apostólica "Gaudete et Exultate" (I)


A partir desta quarta-feira (25/11), nosso blog tem a alegria de apresentar uma nova série de reflexões sobre a "Exortação Apostólica Gaudete et Exultate", do Papa Francisco. Tais reflexões foram recolhidas a partir das conferências de Frei Luiz Carlos Rodrigues, IFE, durante nosso Retiro Anual do ano de 2018 

A Santidade é consequência da união com Deus. Devemos nos deixar impregnar da presença divina

O Senhor pede tudo e nos oferece a vida verdadeira. A vivência das bem-aventuranças é a vivência do caminho de santidade. Abandonar-se em Deus. Apoiar-se n’Ele. É chamado à felicidade. Deus é a fonte e a origem do nosso ser. Nele temos a verdadeira felicidade. Mediocridade é saber que posso dar mais de mim, ir além, mas me contento em me dar em parte e fazer as coisas pela metade. Quanto maior a minha entrega, mais feliz serei. O Senhor nos escolheu para sermos santos. “Anda na minha presença e serás íntegro”, diz o Senhor a Abraão. Os santos nos encorajam e acompanham. Grande nuvem de testemunhas nos estimula a caminhar para a meta, uma multidão incontável de homens e mulheres...

Pertencemos ao povo de Deus. Ninguém se santifica sozinho. Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade de nosso povo. Quantas pessoas foram verdadeiros anjos que tiraram as pedras do nosso caminho! Cada um tem de entender o próprio caminho e não imitar algo que não foi feito para mim. Devemos considerar o todo da pessoa e não uma ou outra coisa isolada. E entender a intenção mais profunda ao considerar o todo.

A santidade vai acontecendo na proporção da minha abertura à vontade divina, no cotidiano da vida. Nas coisas pequenas do dia a dia, procurando agradar a Deus. Tudo fazer por amor. Assim vou me santificando, glorificando o Nome de Deus. O Concílio Vaticano II procurou valorizar o Sacramento do Batismo.

“Senhor, sou miserável, mas podeis realizar o milagre de me fazer melhor”. Deixemos que a graça do Batismo frutifique num caminho de santidade.

Continua...


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Reflexão sobre a "Exortação Christus Vivit" do Papa Francisco (II)


Não renuncieis ao melhor da vossa juventude, não fiqueis a observar a vida da sacada. Estas palavras do Papa Francisco são como um balde de água fria para acordar a juventude. Não observar a vida da sacada. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis a vida diante de um visor. Estamos num mundo em que os jovens dizem não poder viver sem celular e redes sociais. Querem conforto, facilidade, fama. Mas se esquecem do essencial. Fecham os olhos para Deus e abrem para as coisas do mundo. Isto muitas vezes os impedem de dizer sim a sua vocação. Não querem abandonar as comodidades com medo daquilo que terão de abrir mão. 

Paremos e nos perguntemos. Onde está o abraçar a Cruz? O que temos de abrir mão ainda? Dos medos, vontade própria, vaidade? O ‘eu’ não integrado pode ‘abrir a porta’ para perdição sutilmente, quando a pessoa se lança apenas ao que é fácil e desejável, esquecendo-se de que é preciso abraçar a cruz.  Jovem, é preciso mergulhar da sacada e não simplesmente se deter a observar dela. Lançar-se sem medo. Ainda que vos enganeis, arriscai. Diz o Santo Padre.

Maria é grande modelo para uma igreja jovem que deseja seguir a Cristo com frescor e docilidade. Não é de se duvidar que Maria seja um perfeito modelo não só para os jovens, mas para todos os cristãos. Maria do SIM. Espelho e exemplo de doçura, amabilidade, abertura à ação do Senhor. o SIM de Maria é o SIM que Deus espera de cada um daqueles a quem Ele chamou seu Santo serviço. Um SIM verdadeiro. De coração e não só ‘da boca para fora’. Foi um SIM fiel, mesmo sabendo que encontraria dificuldades, que teria uma grande missão a cumprir, mas como disse o Santo Padre, Maria teria, sem dúvida, uma missão difícil, mas as dificuldades não eram motivo para dizer “não”. É assim que Jesus nos chama a ser: firmes, corajosos, dóceis ao Espírito, sem se deter nas dificuldades, nem ao apego ao próprio ‘eu’, mas tendo um olhar amplo para a vontade de Deus, na certeza de que Ele estará sempre muito perto, ajudando conforme o Seu beneplácito. Em louvor de Cristo. Amém.

sábado, 21 de novembro de 2020

Celebração do Dia de Nossa Senhora da Apresentação no Mosteiro


“Maria é exemplo sublime de perfeita consagração, pela sua pertença plena e dedicação total a Deus” (Vita Consecrata 28) 

Em louvor e ação de graças a Deus pelo inestimável dom da Vocação Contemplativa Clariana, honramos festivamente a Santíssima Virgem, a contemplativa por excelência, venerada neste dia 21 de novembro sob o título de Nossa Senhora da Apresentação.

Recorda-se neste dia a consagração da Igreja de Santa Maria a Nova, construída perto do Templo de Jerusalém para comemorar a dedicação que a Virgem, conforme uma piedosa tradição, fez de si própria ao Senhor, desde a sua primeira juventude, movida pelo Espírito Santo, de cujas graças estava repleta desde a sua Imaculada Conceição.

«Quando a menina completou três anos, Joaquim disse: «Chamai as meninas dos hebreus que não tenham qualquer mancha e tome cada uma delas uma lâmpada, uma lâmpada que não se apague. A menina não deverá voltar atrás e o seu coração não permanecerá fora do Templo do Senhor» (Proto-Evangelho de Tiago)


Participamos pela manhã da Santa Missa presidida pelo Frei Luiz Carlos, IFE, nutrindo-nos da mesa da Palavra e da Eucaristia.

Trazemos para nossas vidas o exemplo de Maria Santíssima que com Seu Imaculado Coração nos estimula a vivermos plenamente a nossa vocação contemplativa, inserida no próprio coração da Igreja, Corpo de Cristo, cujo fim é a redenção dos homens e a perfeita glorificação de Deus. (CCGG 61)

Também tivemos a oportunidade de celebrar o dia Onomástico de nossa Rev. da Madre Ivone Maria da Apresentação, saudá-la festivamente e também ofertar-lhe o nosso Ramalhete Espiritual. A exultante afirmação de Maria no cântico do Magnificat; “A minh‘alma engrandece ao Senhor” (Lc 1 46) muito bem se emprega à nossa querida Madre Ivone neste dia tão especial. Somos profundamente gratas pelas maravilhas que o Senhor tem realizado em nossas vidas, pela mediação da Abadessa que, em Sua infinita Misericórdia, Ele nos confiou.

Que o Espírito de Deus continue fortificando-a em sua tão importante missão materna neste Mosteiro de Santa Clara. Em louvor de Cristo. Amém.


sábado, 31 de outubro de 2020

Reflexão sobre a "Exortação Apostólica Christus Vivit", do Papa Francisco, endereçada aos jovens

Concluindo o mês de outubro, dedicado às missões, partilhamos uma singela reflexão sobre a "Exortação Apostólica pós Sinodal Christus Vivit, do Papa Francisco, endereçada aos jovens e a todo povo de Deus; podendo ser um forte estímulo para uma vivência mais intensa e comprometida do Santo Evangelho, em nossos dias.

“Lançai fora os medos que vos paralisam, para não vos tornardes jovens mumificados” 

Podemos dizer que esta frase é o ápice de tudo o que os jovens precisam ouvir. O que frequentemente acontece nos tempos atuais é o medo. Medo que paralisa, que muitas vezes impede os jovens de darem um passo a mais em suas vidas; de dizer ‘SIM’ à sua vocação. Fecham os olhos para a esperança e se tornam sem vida, realmente paralisados.

É próprio do jovem sonhar coisas grandes, buscar horizontes amplos, mas quando um jovem perde a esperança, perde a alegria de viver, de sonhar, acaba por se aposentar antes do tempo. Exatamente o que o Santo Padre exorta a evitar: “Não vos aposenteis antes do tempo. A juventude é uma canção de esperança”

O Papa nos convida a fazermos a pergunta: Como se vive a juventude, quando nos deixamos iluminar e transformar pelo grande anúncio do Evangelho? Ao ouvirmos estas palavras imediatamente recordamos de Francisco e Clara de Assis, pois eles deixaram o exemplo de sua juventude os iluminar completamente pelo anúncio do Evangelho, a ponto de querer vivê-lo e viveram bem, com radicalidade, com intensidade e fervor de espírito. Viveram com amor e alegria de coração. Sonharam, lutaram e conseguiram! Assim deve ser um jovem, segundo nos exorta o Santo Padre.

A juventude é um dom de Deus, confirma o Papa. Clara e Francisco viveram esse dom com toda abertura de coração. Que possamos viver deixando-nos iluminar pelo grande anúncio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com alegria e esperança, deixando-nos iluminar por Cristo e irradiando está luz aos que estão à nossa volta. 

Paz e Bem!
Irmãs do Mosteiro de Santa Clara

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Afinidade espiritual de Santa Teresa com nossos seráficos fundadores Francisco e Clara de Assis

Neste dia 15 de outubro, celebramos com toda a Igreja a memória de Santa Teresa de Jesus, Virgem e Doutora da Igreja. Temos a alegria de partilhar convosco alguns aspectos da afinidade espiritual de Santa Teresa com nossos seráficos fundadores Francisco e Clara de Assis, assim como a especial colaboração do santo varão, frei Pedro de Alcântara, da Ordem do glorioso São Francisco, na sua atividade reformadora da Ordem Carmelitana. 

No seu "Livro da Vida", Santa Teresa descrevendo seu modo de oração e as mercês que o Senhor lhe tem feito, declara com convicção que pela humanidade de Cristo se há de chegar à mais subida contemplação, afirmando:

“Desde que entendi isto tenho considerado atentamente alguns Santos, grandes contemplativos, e vi que não iam por outro caminho. São Francisco bem o mostra nas Chagas, Santo Antônio de Pádua, no Menino [...]” 

E conclui dizendo: "quando pensarmos em Cristo, sempre nos lembremos do amor com que nos fez tantas graças e da grande ternura que nos testemunhou Deus em nos dar tal penhor do muito que nos ama: pois amor produz amor. E, ainda que nos vejamos muito ruins e muito no princípio, procuremos sempre ir considerando estas verdades e estimulando-nos a amar, porque, uma vez que nos faça o Senhor a mercê de que se nos imprima no coração este amor, ser-nos-á tudo fácil; faremos grandes coisas muito depressa e com pouco trabalho". Deste modo, com o exemplo de São Francisco, Santa Teresa contempla na humanidade de Cristo, o Amor que não é amado.

Já na obra "Caminho de Perfeição", ao dar seus avisos e conselhos às irmãs e filhas espirituais dos Mosteiros da Regra Primitiva Carmelitana, tratando da oração, faz referência a São Francisco no tocante à sua relação de liberdade para com as criaturas, das quais Deus é o Senhor:

“ [...] A São Francisco até as aves e os peixes o obedeciam e muitos outros santos, nos quais se via claramente que eram tão senhores de todas as coisas do mundo, porque muito tinham trabalhado para o terem em pouco, sujeitando-se deveras, com todas as suas forças, Àquele que é o Senhor dele [...]” 


E quando Santa Teresa discorre no "Caminho da Perfeição" a respeito do bem que há na pobreza, faz referência persuasiva a atitude de Santa Clara de Assis, que tem na Altíssima Pobreza seu grande ideal de vida: 

“Como dizia Santa Clara, grandes muros são os da pobreza. Destes, dizia ela, e da humildade, queria cercar os seus conventos; e, certo é que, se isto se guarda de verdade, a honestidade e tudo o mais estará muito melhor fortalecido do que em suntuosos edifícios” 

É cativante o relato de Santa Teresa no seu Livro da Vida, afirmando sua extrema devoção por Santa Clara: “Quando ia comungar, no dia de Santa Clara, apareceu-me esta Santa com muita formosura.

Disse-me que tivesse coragem e prosseguisse no meu empreendimento, pois não deixaria de me ajudar. Cobrei-lhe extrema devoção. Em prova do cumprimento de sua promessa, um mosteiro de sua Ordem, situado perto do nosso, nos tem ajudado a viver. Ainda mais: pouco a pouco a bem aventurada Santa elevou os meus anelos a tanta perfeição que a pobreza por ela instituída em seus mosteiros se observa também neste, e vivemos de esmolas. Mais ainda faz o Senhor, talvez pelos rogos da bendita Santa, pois sem peditório algum nos provê do necessário com muita fratura. Seja bendito por tudo. Amém”.

No seu itinerário de santificação pessoal e na reforma de sua Ordem, Santa Teresa estabeleceu relação muito estreita com quem podia compartilhar da sua sede de renovação espiritual e comunitária. Entre os Franciscanos, encontrou São Pedro de Alcântara, confessor, confidente e protetor da Madre Teresa e de seus projetos renovadores. Ela mesma ao fazer referência a este filho espiritual de São Francisco,  o define, entre tantas ações virtuosas, como aquele que guardou a Regra primitiva do bem-aventurado São Francisco em todo o seu rigor.

Quando Teresa decide com algumas amigas suas mais íntimas abraçar um estilo de vida carmelitana mais perfeito, recebe para o seu projeto a aprovação de São Pedro de Alcântara, que a influência na escolha da pobreza absoluta. Em uma carta a ela dirigida, o santo a adverte com firmeza e autenticidade: “Admiro-me que vossa graça submeta à opinião dos doutos aquilo que não é da alçada deles. Não busque o parecer a não ser daqueles que vivem o que aconselham, porque ordinariamente esses tais não compreendem mais do que fazem e vivem”.

Louvamos e bendizemos a Deus pela contribuição dos nossos Santos fundadores e dos fiéis filhos da Ordem Seráfica na vida e missão da grande filha da Igreja Santa Teresa de Jesus! Concluímos esta reflexão com a oração da Liturgia das Horas:

“Ó Deus, que pelo Espírito Santo fizestes surgir Santa Teresa para recordar à Igreja o caminho da perfeição, dai-nos encontrar sempre alimento em sua doutrina celeste e sentir em nós o desejo da verdadeira santidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Ação de graças pelos 25 anos de Profissão Perpétua de Irmã Maria dos Prazeres do Sagrado Coração de Jesus





"Eu me alegro de verdade, e ninguém vai poder roubar-me esta alegria, 
porque já alcancei o que desejava abaixo do céu" 
(3ª Carta de Santa Clara) 

No dia 07 de outubro, data em que celebramos Nossa Senhora do Rosário, tivemos a graça da Celebração Eucarística dos 25 anos de Profissão Perpétua na Ordem de Santa Clara de nossa querida Irmã Maria dos Prazeres do Sagrado Coração de Jesus. Ela foi a primeira vocação que nosso Mosteiro recebeu, no ano de sua inauguração (1989).

Em 2014, Irmã Maria havia comemorado solenemente os 25 anos de Vida Religiosa Clariana e ela mesmo afirmava que nunca imaginou poder chegar a celebrar esta data. O Pai das Misericórdias, que nunca se deixa vencer em generosidade, concedeu-lhe ainda a grande graça do Jubileu Argênteo de sua Perpétua Profissão! 



A Santa Missa teve início às 10 horas e foi presidida pelo Exmo. e Revmo. Dom Gilson Andrade, Bispo da Diocese de Nova Iguaçu (RJ), e concelebrada pelo Sacerdote diocesano, Padre Ricardo Nunes.

Aos 88 anos e manifestando grande alegria, Irmã Maria dos Prazeres pronunciou com voz firme e vibrante a fórmula da Profissão Religiosa. Foi para nós ocasião de grande júbilo, louvor e ação de graças a Deus, em contraposição às situações tão dolorosas que o mundo está a viver nestes tempos de pandemia. 


Que o exemplo de vida inteiramente doada a Deus na Vida Contemplativa Clariana de nossa querida Irmã Maria possa suscitar nos jovens e nas jovens o desejo ardente de também dizerem o seu SIM generoso a Deus, no cumprimento de Sua santíssima vontade e assim ‘incendiarem’ o mundo com o amor de Cristo, que em Clara e Francisco se traduziram em plenitude de Paz e Bem!

sábado, 3 de outubro de 2020

Reflexão para a Solenidade de São Francisco de Assis


“Eu, Frei Francisco, pequenino, quero seguir a vida e a pobreza do Altíssimo Senhor nosso Jesus Cristo e de sua santíssima Mãe e nela perseverar até o fim. Rogo-vos, senhoras minhas, e vos aconselho a que vivais sempre nessa santíssima vida e pobreza. Guardai-vos bastante de vos afastardes dela de maneira alguma pelo ensinamento de quem quer que seja”.
(Última Vontade para Santa Clara) 

Louvamos e bendizemos o Altíssimo e Glorioso Deus pela oportunidade de celebrarmos a Solenidade de nosso Pai São Francisco neste ano tão singular, em que a humanidade sofre o flagelo da pandemia do novo coronavírus.

Na tarde do dia 03 de outubro recordamos os últimos momentos de Francisco nesta terra e seu feliz ‘voo para o céu’, na cerimônia do solene Trânsito, às 16 horas. Pudemos nos transportar espiritualmente a Assis e experimentarmos o imenso amor de Francisco ao Altíssimo e a todas as criaturas, suas irmãs, particularmente a irmã morte a quem abraçou com tamanha ternura.

Em nosso coração permanece a lembrança de sua última vontade dirigida a Santa Clara, que acolhemos carinhosamente para nós. Que nunca nos desviemos desta santíssima vida e pobreza, e sejamos luz para o mundo com nossa vida inteiramente doada, em constante oração em favor da salvação do mundo.

No dia 4 de outubro, celebramos a Solenidade de São Francisco com sentimentos de profunda gratidão por sermos, a exemplo da mãe Santa Clara, suas plantinhas, neste belo jardim seráfico, fulgurante nas três Ordens por ele fundadas, cujo perfume atravessa os séculos com testemunhos autênticos de santidade.

Na Santa Missa solene, às 10 horas, nos unimos à toda Família Franciscana, num grande hino de louvor ao Pai, implorando bênçãos e graças para a humanidade sofredora. 


Aproveitamos para expressar nosso sincero agradecimento aos Frades Menores da Província da Imaculada Conceição do Brasil, que continuam até hoje cumprindo a promessa do Pai São Francisco, que nossa mãe Santa Clara inseriu na sua Regra como preciosa herança: “Eu quero e prometo, em meu nome e em nome dos meus irmãos, ter sempre para convosco, como tenho para com eles, diligente cuidado e solicitude particular”.

A todos os que contemplam estas linhas, aos dedicados benfeitores, particularmente os fiéis devotos de São Francisco de Assis, a nossa saudação franciscana de Paz e Bem, unida à certeza da oração de Suas Irmãs Clarissas!

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

A herança espiritual de Santa Teresinha do Menino Jesus e Madre Virgínia da Paixão

"A caridade do Sangue de Cristo é fonte inesgotável de Vida em comunhão, que, nos santos, é intensamente teste­munhada e revelada. Santa Teresinha do Menino Jesus e Madre Virgínia da Paixão, configuradas com Cristo, não se distanciaram de nós pela irmã morte nem na contemplação da visão trinitária. Pelo con­trário, vivem a verdadeira Vida e continuam conosco, louvando, intercedendo e derramando bênçãos divinas sobre o mundo" (Ir. Maria da Cruz, OSC). 

Com grande alegria iniciamos o mês de outubro fazendo memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, religiosa Carmelita, padroeira das missões por quem nutrimos grande carinho e devoção, particularmente por sua intensa amizade com a religiosa Clarissa, Madre Virgínia Brites da Paixão, falecida em odor de santidade, natural da Ilha da Madeira, Portugal, de onde vieram as Irmãs fundadoras deste Mosteiro de Santa Clara, em Nova Iguaçu (RJ). Clique aqui e veja o relato na íntegra.

Pouco antes de morrer, Santa Teresinha prometeu que iria passar o Céu a fazer bem à Terra, e que faria cair uma chuva de rosas (graças divinas). O que não sabíamos é que a primeira das pétalas caíra sobre uma portuguesa, Religiosa Clarissa, na Madeira, no mesmo dia do falecimento e entrada no Céu da “pequena Teresa” que então ninguém conhecia, muito longe ainda da impressionante popularidade que alcançaria, graças aos seus “Manuscritos Espirituais” cuja primeira versão correu o mundo com o título de “História duma Alma” que em breve seria traduzida, em mais de 50 países, em sucessivas edições.

Esse início da “chuva de rosas” vem narrado por Irmã Otília Rodrigues Fontoura, OSC, no livro “Madre Virgínia — Uma Vida de Amor” (Sintra, 2002).

Decorria o ano de 1897. A Irmã Virgínia da Paixão, a humilde religiosa Clarissa do Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês no Funchal, encontrava-se gravemente doente, devido a uma queda nas escadas. Esta enfermidade fazia-a sofrer muito, não só pelas dores físicas, mas pela relutância que experimentava em deixar-se examinar pelo médico. Com a força das dores não conseguia conciliar o sono. Na noite de 30 de setembro, sentindo aumentar os sofrimentos, pediu ao Senhor que lhe curasse por intercessão da primeira alma que entrasse naquele momento no Paraíso. A resposta do céu não se fez esperar. Narra-nos a Madre Virgínia nos seus escritos:

“Senti uma mão invisível que me tocava e vi junto do meu leito uma religiosa vestida de hábito pardo, manto branco e véu preto na cabeça. Conheci que não era a nossa enfermeira. Era manhã, mas ainda fazia escuro, e reconhe­ci à luz bruxuleante da lâmpada, que era uma religiosa nova e muito formosa. Referiu que Jesus, respondendo à minha súplica, a tinha enviado para lhe dizer ser Sua vontade me submetesse ao exame clínico prescrito e me deixasse tratar. Ela seria a minha fiel enfermeira. Perguntei-lhe quem era. Por fim, sorriu e disse: eu sou uma religiosa carmelita, chamada Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, que acabo a vida mortal e entro já no Paraíso. Recomendou-me segredo até ao tempo que aprouvesse ao divino Senhor revelar (o milagre) e desapareceu” 


Madre Virgínia relata que o médico fez a intervenção cirúrgica conveniente e que Santa Teresinha do Menino Jesus foi a sua fiel e dedicada enfermeira, tirando-lhe todas as dores. “Fiquei perfeitamente boa. Fui curada milagrosamente. Isto deu-se no dia 30 de setembro para 1 de outubro de 1897. No dia 4, festa do meu Pai S. Francisco, já pude tomar parte nas funções da comunidade”. Clinicamente era inexplicável como em tão pouco tempo se realizou a prodigiosa cura. Mistérios de Deus: nesse mesmo dia, em Lisieux, realizava-se o funeral de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.

Madre Virgínia Brites da Paixão e Santa Teresinha do Menino Jesus nunca se conheceram pessoalmente nesta vida. As duas contemplativas pertenciam a famílias religiosas distintas: uma foi Clarissa e a outra carmelita. Privilegiavam uma herança comum na diversidade e riqueza carismática: a vida contemplativa que é patrimônio espiritual da humanidade.



quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Live Franciscana com os Freis de Petrópolis


 A “Live Franciscana”, no dia 02 de outubro, às 20 horas, promete ser uma noite com muita música, interação, devoção, espiritualidade, sorteios, arte e fé. A Paróquia do Sagrado é a anfitriã e conta com a parceria da TvFranciscanos e do nosso Mosteiro de Santa Clara, e de outras páginas e grupos no Facebook, que aceitaram o convite e irão transmitir em cadeia e ao vivo este especial.

Durante as apresentações, os internautas poderão acompanhar trechos da história de vida de São Francisco de Assis. Além de orações e momentos de espiritualidade que serão conduzidos pelos freis do Sagrado, a live contará com canções em estilo pot-pourri e interação com o público.

“A #livefranciscana será uma imersão na vida e espiritualidade de São Francisco por meio da arte, canto e poesia, elementos caros ao próprio santo, conhecido como o ‘Cantor do Irmão Sol’. Dessa forma, queremos nos aproximar de São Francisco, que é, ainda hoje, uma inspiração para vivermos uma vida plena em comunhão com Deus e com todos os seres criados”, afirmou o pároco da Paróquia do Sagrado Frei Jorge Paulo Schiavini. 

Novena de São Francisco e Festa dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael


Quase no findar deste abençoado mês, neste dia 25 de setembro iniciamos a novena preparatória para a Solenidade do Pai São Francisco e em 29 de setembro, nos alegramos pela oportunidade de celebrarmos a Festa dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, e podermos contar com sua poderosa intercessão junto de Deus, e da Santíssima Virgem, a quem nossos seráficos pais carinhosamente invocavam, sob o título de Nossa Senhora dos Anjos.

Que a Virgem Maria, juntamente com os anjos e santos no céu por todos nós intercedam a fim de que permaneçamos firmes na fé, na esperança e no amor, aguardando a vinda do Senhor, o Rei da eterna glória!

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

17 de setembro: Festa da Impressão dos Sagrados Estigmas de São Francisco


Além da ênfase especial na Palavra de Deus, contemplamos neste mês de setembro o prodígio singular ocorrido na vida de nosso pai São Francisco, em resposta ao seu profundo enamoramento e configuração com o Cristo Pobre e Crucificado: celebramos a Festa da Impressão dos Sagrados Estigmas, no dia 17 de setembro. 

“Se Francisco foi agraciado com o privilégio particular e com a insigne honra dos estigmas, não o foi sem justo mérito, pois todo seu ardor, em público como em particular, tinha um único objetivo: a cruz do Senhor. Sua mansidão, sua austeridade e humildade; sua obediência, pobreza e castidade; seu arrependimento, lágrimas, compaixão , zelo apostólico, seu desejo do martírio, seus excessos de amor, enfim toda a série de virtudes que distinguem a Cristo como exemplo, que poderiam ter elas em vista senão assemelhá-lo a Cristo cujos estigmas elas o haviam preparado para receber? Desde sua conversão, toda a sua vida foi apenas uma representação dos mistérios da cruz de Cristo, e finalmente, à vista do Crucificado, Serafim sublime e humilde, ele mesmo foi, pelo poder e amor divinos, transformado na imagem e objeto de sua contemplação. Atestam esses fatos os que viram, tocaram e abraçaram os estigmas e que com a mão sobre os Evangelhos, confirmaram seu testemunho com a segurança ainda maior do juramento de que tal era a realidade e o que eles haviam visto” (2B 6). 

Em nosso Mosteiro de Santa Clara, o grande dia 17 de setembro nos faz recordar outro fato muito especial, o aniversário da consagração de nossa Capela, pelo saudoso Irmão Bispo Dom Adriano Hypólito, OFM, ocorrido a 17 de setembro de 1993. 


Louvamos e bendizemos a Deus por este templo consagrado, em que diariamente é celebrado o Sacrifício Eucarístico, e nossa oração continuamente se eleva como incenso ao trono do Altíssimo e glorioso Deus!

"Quando o verdadeiro amor transformou o amigo de Cristo na semelhança perfeita daquele que ele amava, e terminados os quarenta dias previstos no monte e na solidão, chegou a festa de São Miguel; e Francisco, homem evangélico, desceu do monte, trazendo a imagem do Crucificado, não esculpida em tábuas de pedra ou de madeira pela mão de algum artífice, mas reproduzida em sua própria carne pelo dedo do Deus vivo".

domingo, 13 de setembro de 2020

Reflexão para a Festa da Exaltação da Santa Cruz


Unidas em fraternidade, refletimos e meditamos sobre o infinito amor de Deus por nós, a ponto de nos dar o Seu Filho por nosso irmão e nosso redentor. Ele, que foi exaltado de modo sublime na Santa Cruz, festa que comemoramos jubilosamente neste dia 14 de setembro. 

À semelhança de Francisco no alto do Monte Alverne, rezamos a Quaresma em honra do Arcanjo São Miguel. Um tempo especial de oração e penitência, que tem seu início, com a Festa da Assunção de Nossa Senhora em 15 de agosto e termina no dia 28 de setembro, véspera da Festa em honra aos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, suplicando bênçãos e graças para nossa humanidade tão sedenta de paz e bem.

"Ó Senhor meu, Jesus Cristo, duas graças eu te peço que me faças, antes de eu morrer: a primeira é que, em vida, eu sinta na alma e no corpo, tanto quanto for possível, aquelas dores que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua dolorosíssima Paixão”. A segunda é que eu sinta no meu coração, tanto quanto for possível, aquele excessivo amor, do qual tu, Filho de Deus, estavas inflamado, para voluntariamente suportar uma tal Paixão por nós pecadores"
(Considerações sobre os Estigmas de São Francisco)

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Reflexão das Irmãs Clarissas para o Mês da Bíblia



"As irmãs apliquem-se à leitura assídua da Sagrada Escritura. Progredindo na compreensão da Palavra de Deus, aprendam a eminente ciência de Jesus Cristo" (cf. CCGG Art. 75) 

É com alegria que iniciamos o mês de setembro, tempo em que refletimos de modo especial sobre a Palavra de Deus. A Igreja no Brasil, propõe para refletirmos neste ano de 2020, o livro do Deuteronômio, com o lema "Abre a tua mão para o teu irmão" (Dt 15,11). Nosso Bispo Emérito Dom Luciano, CRL nos tem conduzido a um maior aprofundamento deste mês da Bíblia através de conferências quinzenais, utilizando o subsídio preparado por Frei Carlos Mesters e Francisco Orofino. Com a oportunidade das conferências semanais com nosso Bispo Dom Gilson Andrade, aprofundamos o tema da oração tendo como pano de fundo as catequeses do Papa Francisco. Deste modo, em nossa vida integralmente contemplativa, podemos ‘abrir a mão’, abrir nosso coração aos nossos irmãos, através da oração diante de Jesus Eucarístico, na intercessão pelos que mais sofrem, particularmente devido a esta pandemia e tantos outros males que abatem nosso mundo atualmente.

Com Clara e Francisco de Assis, suplicamos ao Pai das misericórdias para que, ‘interiormente purificados, iluminados, e acesos no fogo do Santo Espírito, possamos, seguir os vestígios de nosso Senhor Jesus Cristo’ (Carta a toda a Ordem) e nutridos pela Palavra de Deus, ultrapassemos juntos as dificuldades desta época com um ânimo sempre novo, oriundo da fornalha ardente da incessante oração.

Unidas em fraternidade, refletimos e meditamos sobre o infinito amor de Deus por nós, a ponto de nos dar o Seu Filho por nosso irmão e nosso redentor. Ele, que foi exaltado de modo sublime na Santa Cruz, festa que comemoramos jubilosamente no próximo dia 14 de setembro.

Continua...


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Mês Vocacional | Seja uma Irmã Clarissa

Confira o vídeo onde Irmã Vanderleia Maria de São José, do Mosteiro Santa Clara de Nova Iguaçu (RJ), fala sobre a experiência de seu chamado vocacional! 

ASSISTA O VÍDEO

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Celebrações do dia de Santa Clara no Mosteiro


Louvamos e bendizemos ao Pai das Misericórdias pela graça de celebrarmos neste ano, mesmo em meio à pandemia do Covid-19, a Solenidade de nossa seráfica mãe e fundadora Santa Clara de Assis.

MISSA SOLENE DAS 10 HORAS

Às 10 horas do dia 11 de agosto teve início a Celebração Eucarística, com transmissão ao vivo pelo Facebook da Diocese de Nova Iguaçu (RJ), presidida pelo Sr. Bispo Diocesano Dom Gilson Andrade da Silva, na presença do Bispo Emérito Dom Luciano Bergamin, CRL, Freis e Sacerdotes. Apesar da distância física, estivemos muito unidas a todos através de nossa silenciosa oração, diante de Jesus Eucarístico. Dom Gilson abrilhantou-nos com uma bela homilia ressaltando o exemplo de Clara para os nossos dias e sobre a situação atual em que vivemos. No findar da celebração, ocorreu a tradicional bênção e distribuição dos pães. A bênção final com a Relíquia autêntica da mãe Santa Clara, selou tão especial momento. 


CELEBRAÇÃO DO TRÂNSITO DE SANTA CLARA

Às 16 horas tivemos novamente a Santa Missa solene. Desta vez com a celebração do Trânsito da mãe Santa Clara, sob a presidência do sacerdote Diocesano Pe. Ricardo Nunes. Foram momentos de interiorização e comunhão profundas com o Cristo que Clara tanto amou e por quem se entregou inteiramente.


Aproveitamos a oportunidade para agradecer, de coração, por todos que se uniram a nós em tão especial solenidade, particularmente os que participaram conosco através das redes sociais, os fiéis devotos, amigos, benfeitores do Mosteiro, todos os que se recomendaram às nossas orações e nós prometemos rezar.


A mãe Santa Clara continue a interceder do céu por este mundo tão sofrido, e sedento de paz e bem.

A luz de Cristo, que Clara de Assis tão bem irradiou pela santidade de sua vida, possa iluminar, abrasar e fortalecer a cada um de nossos irmãos e irmãs, proporcionando um testemunho autêntico de fé, esperança e amor nesses nossos dias tão difíceis. Podeis contar sempre com as nossas orações. Em louvor de Cristo. Amém!

De Suas Irmãs Clarrisas do Mosteiro de Santa Clara, Nova Iguaçu-RJ.

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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Ladainha de Santa Clara

 

V. Senhor, tende piedade de nós!
R. Senhor, tende piedade de nós!
V. Jesus Cristo, tende piedade de nós!
R. Jesus Cristo, tende piedade de nós!
V. Senhor, tende piedade de nós!
R. Senhor, tende piedade de nós!
V. Jesus Cristo, ouvi-nos!
R. Jesus Cristo, atendei-nos!
V. Deus Pai celestial,
R. Tende piedade de nós!
V. Deus Filho, Redentor do mundo,
R. Tende piedade de nós!
V. Deus Espírito Santo,
R. Tende piedade de nós!
V. Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
R. Tende piedade de nós!

Santa Maria, concebida sem pecado, 
Rogai por nós. 
Santa Maria, Rainha das Virgens, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, esposa predileta de Cristo, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, anjo de inocência desde a juventude, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, vaso de santidade, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, bela flor no jardim dos Menores, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, filha obediente do nosso Pai, São Francisco, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, heroína desconhecida do mundo, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, bela aurora da vossa santa ordem, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, Mãe e Fundadora das pobres Clarissas, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, humilde imitadora de Cristo, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, espelho fiel de nosso Pai São Francisco, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, perfeito modelo das virgens, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, guia espiritual de vossa mãe e de vossas irmãs carnais, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, benigna administradora do vosso Mosteiro, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, humilde serva das servas de Cristo, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, espelho de todas as virtudes, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, brilhante luz de santidade, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, taumaturga e auxiliadora em qualquer necessidade, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, absorta muitas vezes na oração, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, consolada pela aparição do Menino Jesus, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, rica de méritos e graças, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, afetuosa esposa do Crucificado, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, honrada com a aparição do Salvador padecente, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, seráfica adoradora do Santíssimo Sacramento, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, poderosa protetora da cidade de Assis, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, vencedora dos sarracenos, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, espelho de paciência nos grandes males, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, abençoada na vossa enfermidade pelo Vigário de Cristo, 
Rogai por nós. 
Santa Clara, que seguis os passos do Cordeiro no Céu, Sede-nos propício, 
perdoai nos Senhor! 

Sede-nos propício, 
ouvi-nos Senhor! 
Pelos méritos e intercessão de nossa Mãe Santa Clara, 
tende piedade de nós! 
Por seu heroico desprezo de todos os bens temporais, 
tende piedade de nós! 
Por sua pobreza, humildade e obediência, 
tende piedade de nós! 
Por seu ardente amor a vós, 
tende piedade de nós! 
Por sua alta devoção a vós no Santíssimo Sacramento, 
tende piedade de nós! 
Por sua fé inabalável, 
tende piedade de nós! 
Por sua inocência e pureza, 
tende piedade de nós! 
Por sua pobreza e vida rigorosa, 
tende piedade de nós! 
Por seus jejuns e vigílias, 
tende piedade de nós! 
Por suas heroicas penitências, 
tende piedade de nós! 
Por suas graves doenças, 
tende piedade de nós! 
Por suas elevadas virtudes, 
tende piedade de nós! 
Por sua santa morte, 
tende piedade de nós! 
Nós pobres pecadores, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 

Que por sua intercessão nos defendais de todos os pecados, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que nos concedais a graça de imitá-la na humildade e obediência, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que sempre conserveis e aumenteis entre nós a união e o amor recíproco, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que nos concedais a graça de, segundo seu exemplo, desprezarmos as coisas terrenas e procurarmos as delícias celestiais, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que por sua intercessão nos concedais zelo no vosso serviço e a graça da perseverança 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que por sua intercessão nos socorrais e aos que devemos pedir em nossas orações, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que por seus méritos e intercessão concedais à santa Igreja triunfo e tranquilidade, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 
Que por sua intercessão nos admitais entre o número de vossos eleitos, 
nós Vos rogamos, ouvi-nos. 

V. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, 
R. Perdoai-nos, Senhor. 
V. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, 
R. Ouvi-nos, Senhor. 
V. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, 
R. Tende piedade de nós. 
V. Rogai por nós, nossa Mãe Santa Clara, 
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. 

OREMOS: Ó Deus, que em Santa Clara, nossa Mãe, pelo exemplo de suas virtudes, destes a inúmeras virgens um modelo luminoso, concedei-nos, por seus méritos e intercessão, que andemos na luz neste mundo; e no Céu possamos olhar o eterno esplendor de vossa face, pelo mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém. 

BÊNÇÃO DE SANTA CLARA

Madre: Ao encerrarmos esta novena queremos pedir a bênção de Deus através da Bênção de Santa Clara:
Madre: O Senhor nos abençoe e nos proteja, faça resplandecer sobre nós a sua face. E nos dê a sua misericórdia
Todas: Amém
Madre: Volte para nós o seu olhar e nos dê a paz
Todas: Amém
Madre: Derrame sobre nós as suas bênçãos e no céu nos coloque entre os seus santos e santas.
Todas: Amém
Madre: O Senhor esteja sempre conosco e que nós estejamos sempre com Ele.
Todas: Amém
Madre: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Todas: Amém.