domingo, 1 de outubro de 2023



Sétimo dia da novena de São Francisco de Assis

Francisco e os esponsais com a dama pobreza


 Meditemos hoje, o amor com que o pai Francisco devotou à santa Pobreza, fazendo dela a sua jóia preciosa pela qual tudo vendeu para que pudesse possuí-la.

Assim como o Pai Francisco era a imagem viva de Cristo, assim a primitiva fraternidade franciscana por ele fundada aspirava constantemente a modelar-se pela primitiva Comunidade Apostólica, exemplar na caridade recíproca, no desinteresse, no uso comunitário dos bens.
Quando os frades um dia lhe perguntaram, durante um Capítulo, qual era a virtude que mais nos torna amigos de Cristo, o seráfico Pai respondeu, como que lhes abrindo o segredo de seu coração:
«Saibam, irmãos, que a Pobreza é o caminho privilegiado da salvação, pois ela é a seiva da humildade e a raiz da perfeição: seus frutos são inumeráveis, embora invisíveis aos olhos.
Ela é esse tesouro enterrado num campo, para cuja compra, diz o Evangelho, é preciso vender tudo, e cujo valor nos deve levar a desprezar tudo que não possa ser vendido!» (Boav., VII, 1)
A Pobreza material é o sinal da Pobreza espiritual. Todos os irmãos se esforcem para seguir a humildade e a Pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo; não possuindo nada além daquilo que o Apóstolo nos indica: ter como o necessário o que comer e com o que se vestir e com isso devemos nos contentar. (I Regra, IX, 1-2)
Tal é a grandeza da mais alta Pobreza que vos fez, meus irmãos muito queridos, herdeiros do reino dos céus, vos fez pobres em bens terrestres, mas ricos em virtudes. Que ela seja, pois, vossa partilha, e vos conduza à terra dos vivos. Apegai-vos totalmente a ela, irmãos caríssimos, e, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, jamais queirais possuir outra coisa debaixo do céu. (II Regra, VI, 4-6)
Ela é fonte de alegria e de confiança, pois ainda que sejamos pequenos e pobres e não tendo direito a nada, nós somos vestidos, alimentados e cumulados, pelo Pai celeste, com as belezas de sua criação. (II Regra)
A Pobreza assim compreendida é fonte de alegria porque o servo sente-se feliz em parecer-se com seu Mestre.
A Pobreza, para o Seráfico Pai São Francisco, era a primeira pedra da Ordem, o fundamento de todo este edifício, que será sempre sólido enquanto ela permanecer sólida, e que, se um dia ela desaparecer, ficará completamente destruído. (Boav., VII, 2)
Quando o Pobre de Assis renuncia a tudo converte-se em senhor de tudo. Porque não tendo nada, sente-se com direito sobre todas as coisas. Indicando os horizontes do mundo, Francisco diria à Dama Pobreza:
Estes são os nossos claustros e propriedades". Porque ser pobre é ser senhor.
O autor do Sacrum Comércium nos relata de modo muito expressivo o místico esponsal de Francisco com sua amada Dama Pobreza.
Como investigador curioso, começou por percorrer as ruas e as praças da cidade indagando sobre o assunto que o apaixonava. A quantos encontrava, a todos dirigia a mesma pergunta: (Sacrum Comercium)
"Não viste, por acaso, aquela a quem eu amo?" (Sacrum Comercium)
"Por favor, indicai-me onde é que habita a Dona Pobreza; onde é que costuma ir comer e descansar à sexta?. Porque eu estou apaixonado por ela. (Sacrum Comercium)
“Meu caro Irmão, há muito tempo que estamos aqui assentados. Várias vezes a vimos passar, pois não falta quem ande à sua procura. Uma vez por outra, vinha acompanhada de muita gente, porém, sempre voltava sozinha e nua, absolutamente sem nada: sem companhia, sem jóias, até mesmo sem roupas, a lamentar-se, debulhada em lágrimas: Até os meus irmãos se voltaram contra mim! Nós procurávamos então consola-la: Coragem! Não desesperes! Os justos não deixarão de te amar. (Sacrum Comercium)
Enquanto viveu neste vale de lágrimas, o bem-aventurado Pai Francisco desprezava as riquezas que são o patrimônio dos filhos dos homens e, aspirando a mais alta glória, ambicionava de todo o coração a Pobreza. Verificando como era tão estimada pelo Filho de Deus e como todos a repudiavam, desejou desposá-la com amor eterno.
Eu, Frei Francisco, pequenino, quero seguir a vida e a Pobreza de nosso Altíssimo Senhor Jesus Cristo e de sua santíssima Mãe; quero nela perseverar até o fim. (Conselhos a Clara, I)
Exorto-vos, pois, pela misericórdia de Deus, pela qual vos fizestes tão pobre vivei de fato aquilo por cuja causa aqui estais. Acolhei humildemente a graça que vos é oferecida, usai-a sempre dignamente em tudo para louvor, glória e honra Daquele que morreu por nós, Jesus Cristo Nosso Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina para sempre. Amém. (Testamento)

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