quinta-feira, 1 de outubro de 2020

A herança espiritual de Santa Teresinha do Menino Jesus e Madre Virgínia da Paixão

"A caridade do Sangue de Cristo é fonte inesgotável de Vida em comunhão, que, nos santos, é intensamente teste­munhada e revelada. Santa Teresinha do Menino Jesus e Madre Virgínia da Paixão, configuradas com Cristo, não se distanciaram de nós pela irmã morte nem na contemplação da visão trinitária. Pelo con­trário, vivem a verdadeira Vida e continuam conosco, louvando, intercedendo e derramando bênçãos divinas sobre o mundo" (Ir. Maria da Cruz, OSC). 

Com grande alegria iniciamos o mês de outubro fazendo memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, religiosa Carmelita, padroeira das missões por quem nutrimos grande carinho e devoção, particularmente por sua intensa amizade com a religiosa Clarissa, Madre Virgínia Brites da Paixão, falecida em odor de santidade, natural da Ilha da Madeira, Portugal, de onde vieram as Irmãs fundadoras deste Mosteiro de Santa Clara, em Nova Iguaçu (RJ). Clique aqui e veja o relato na íntegra.

Pouco antes de morrer, Santa Teresinha prometeu que iria passar o Céu a fazer bem à Terra, e que faria cair uma chuva de rosas (graças divinas). O que não sabíamos é que a primeira das pétalas caíra sobre uma portuguesa, Religiosa Clarissa, na Madeira, no mesmo dia do falecimento e entrada no Céu da “pequena Teresa” que então ninguém conhecia, muito longe ainda da impressionante popularidade que alcançaria, graças aos seus “Manuscritos Espirituais” cuja primeira versão correu o mundo com o título de “História duma Alma” que em breve seria traduzida, em mais de 50 países, em sucessivas edições.

Esse início da “chuva de rosas” vem narrado por Irmã Otília Rodrigues Fontoura, OSC, no livro “Madre Virgínia — Uma Vida de Amor” (Sintra, 2002).

Decorria o ano de 1897. A Irmã Virgínia da Paixão, a humilde religiosa Clarissa do Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês no Funchal, encontrava-se gravemente doente, devido a uma queda nas escadas. Esta enfermidade fazia-a sofrer muito, não só pelas dores físicas, mas pela relutância que experimentava em deixar-se examinar pelo médico. Com a força das dores não conseguia conciliar o sono. Na noite de 30 de setembro, sentindo aumentar os sofrimentos, pediu ao Senhor que lhe curasse por intercessão da primeira alma que entrasse naquele momento no Paraíso. A resposta do céu não se fez esperar. Narra-nos a Madre Virgínia nos seus escritos:

“Senti uma mão invisível que me tocava e vi junto do meu leito uma religiosa vestida de hábito pardo, manto branco e véu preto na cabeça. Conheci que não era a nossa enfermeira. Era manhã, mas ainda fazia escuro, e reconhe­ci à luz bruxuleante da lâmpada, que era uma religiosa nova e muito formosa. Referiu que Jesus, respondendo à minha súplica, a tinha enviado para lhe dizer ser Sua vontade me submetesse ao exame clínico prescrito e me deixasse tratar. Ela seria a minha fiel enfermeira. Perguntei-lhe quem era. Por fim, sorriu e disse: eu sou uma religiosa carmelita, chamada Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, que acabo a vida mortal e entro já no Paraíso. Recomendou-me segredo até ao tempo que aprouvesse ao divino Senhor revelar (o milagre) e desapareceu” 


Madre Virgínia relata que o médico fez a intervenção cirúrgica conveniente e que Santa Teresinha do Menino Jesus foi a sua fiel e dedicada enfermeira, tirando-lhe todas as dores. “Fiquei perfeitamente boa. Fui curada milagrosamente. Isto deu-se no dia 30 de setembro para 1 de outubro de 1897. No dia 4, festa do meu Pai S. Francisco, já pude tomar parte nas funções da comunidade”. Clinicamente era inexplicável como em tão pouco tempo se realizou a prodigiosa cura. Mistérios de Deus: nesse mesmo dia, em Lisieux, realizava-se o funeral de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face.

Madre Virgínia Brites da Paixão e Santa Teresinha do Menino Jesus nunca se conheceram pessoalmente nesta vida. As duas contemplativas pertenciam a famílias religiosas distintas: uma foi Clarissa e a outra carmelita. Privilegiavam uma herança comum na diversidade e riqueza carismática: a vida contemplativa que é patrimônio espiritual da humanidade.



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