quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Afinidade espiritual de Santa Teresa com nossos seráficos fundadores Francisco e Clara de Assis

Neste dia 15 de outubro, celebramos com toda a Igreja a memória de Santa Teresa de Jesus, Virgem e Doutora da Igreja. Temos a alegria de partilhar convosco alguns aspectos da afinidade espiritual de Santa Teresa com nossos seráficos fundadores Francisco e Clara de Assis, assim como a especial colaboração do santo varão, frei Pedro de Alcântara, da Ordem do glorioso São Francisco, na sua atividade reformadora da Ordem Carmelitana. 

No seu "Livro da Vida", Santa Teresa descrevendo seu modo de oração e as mercês que o Senhor lhe tem feito, declara com convicção que pela humanidade de Cristo se há de chegar à mais subida contemplação, afirmando:

“Desde que entendi isto tenho considerado atentamente alguns Santos, grandes contemplativos, e vi que não iam por outro caminho. São Francisco bem o mostra nas Chagas, Santo Antônio de Pádua, no Menino [...]” 

E conclui dizendo: "quando pensarmos em Cristo, sempre nos lembremos do amor com que nos fez tantas graças e da grande ternura que nos testemunhou Deus em nos dar tal penhor do muito que nos ama: pois amor produz amor. E, ainda que nos vejamos muito ruins e muito no princípio, procuremos sempre ir considerando estas verdades e estimulando-nos a amar, porque, uma vez que nos faça o Senhor a mercê de que se nos imprima no coração este amor, ser-nos-á tudo fácil; faremos grandes coisas muito depressa e com pouco trabalho". Deste modo, com o exemplo de São Francisco, Santa Teresa contempla na humanidade de Cristo, o Amor que não é amado.

Já na obra "Caminho de Perfeição", ao dar seus avisos e conselhos às irmãs e filhas espirituais dos Mosteiros da Regra Primitiva Carmelitana, tratando da oração, faz referência a São Francisco no tocante à sua relação de liberdade para com as criaturas, das quais Deus é o Senhor:

“ [...] A São Francisco até as aves e os peixes o obedeciam e muitos outros santos, nos quais se via claramente que eram tão senhores de todas as coisas do mundo, porque muito tinham trabalhado para o terem em pouco, sujeitando-se deveras, com todas as suas forças, Àquele que é o Senhor dele [...]” 


E quando Santa Teresa discorre no "Caminho da Perfeição" a respeito do bem que há na pobreza, faz referência persuasiva a atitude de Santa Clara de Assis, que tem na Altíssima Pobreza seu grande ideal de vida: 

“Como dizia Santa Clara, grandes muros são os da pobreza. Destes, dizia ela, e da humildade, queria cercar os seus conventos; e, certo é que, se isto se guarda de verdade, a honestidade e tudo o mais estará muito melhor fortalecido do que em suntuosos edifícios” 

É cativante o relato de Santa Teresa no seu Livro da Vida, afirmando sua extrema devoção por Santa Clara: “Quando ia comungar, no dia de Santa Clara, apareceu-me esta Santa com muita formosura.

Disse-me que tivesse coragem e prosseguisse no meu empreendimento, pois não deixaria de me ajudar. Cobrei-lhe extrema devoção. Em prova do cumprimento de sua promessa, um mosteiro de sua Ordem, situado perto do nosso, nos tem ajudado a viver. Ainda mais: pouco a pouco a bem aventurada Santa elevou os meus anelos a tanta perfeição que a pobreza por ela instituída em seus mosteiros se observa também neste, e vivemos de esmolas. Mais ainda faz o Senhor, talvez pelos rogos da bendita Santa, pois sem peditório algum nos provê do necessário com muita fratura. Seja bendito por tudo. Amém”.

No seu itinerário de santificação pessoal e na reforma de sua Ordem, Santa Teresa estabeleceu relação muito estreita com quem podia compartilhar da sua sede de renovação espiritual e comunitária. Entre os Franciscanos, encontrou São Pedro de Alcântara, confessor, confidente e protetor da Madre Teresa e de seus projetos renovadores. Ela mesma ao fazer referência a este filho espiritual de São Francisco,  o define, entre tantas ações virtuosas, como aquele que guardou a Regra primitiva do bem-aventurado São Francisco em todo o seu rigor.

Quando Teresa decide com algumas amigas suas mais íntimas abraçar um estilo de vida carmelitana mais perfeito, recebe para o seu projeto a aprovação de São Pedro de Alcântara, que a influência na escolha da pobreza absoluta. Em uma carta a ela dirigida, o santo a adverte com firmeza e autenticidade: “Admiro-me que vossa graça submeta à opinião dos doutos aquilo que não é da alçada deles. Não busque o parecer a não ser daqueles que vivem o que aconselham, porque ordinariamente esses tais não compreendem mais do que fazem e vivem”.

Louvamos e bendizemos a Deus pela contribuição dos nossos Santos fundadores e dos fiéis filhos da Ordem Seráfica na vida e missão da grande filha da Igreja Santa Teresa de Jesus! Concluímos esta reflexão com a oração da Liturgia das Horas:

“Ó Deus, que pelo Espírito Santo fizestes surgir Santa Teresa para recordar à Igreja o caminho da perfeição, dai-nos encontrar sempre alimento em sua doutrina celeste e sentir em nós o desejo da verdadeira santidade. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”.

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